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Esmalte e Poesia

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Oi Gente!!

Confesso que já fui de gostar mais de poesia, poemas e crônicas, inclusive para escrever...é já tive minha fase. Eu participava de uma cooperativa de autores e a cada ano editávamos uma coletânea de poemas. Aliás um dos meus sonhos era tornar-me escritora...ficou lá atrás.



Da fase em que eu morava em BH.



Mesmo não sendo hoje uma grande leitora de poemas ainda curto Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira entre outros.

A cor escolhida do esmalte foi por causa o poema Tabacaria de Fernando Pessoa. Tabaco é marrom então escolhi um tom bem escuro . Os escolhidos: Uma camada de Café Expresso da Top Beauty e uma camada de Vicenza da Argento. Por enquanto sem nenhum brilho, mas depois...pode ser que eu passe uma camadinha de cintilante...



Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Usou em suas obras diversos heterônimos, cada um com uma característica própria e diferenciada. São eles: Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caieiro. Gente, Tabacaria é enoooorme, vou colocar apenas uns trechos, está bem? 


Olha só o tamanho ( e não é tudo) de Tabacaria...

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é,
(E se soubessem quem é, o que saberiam?)
Dais para o mistério de uma rua constantemente cruzada por gente.
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos.
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa.
Com o mistério por baixo das pedras e dos seres.
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens.
com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido como se estivesse para morrer.
e não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma apitada
de dentro da minha cabeça.
e uma sacudidela nos meus nervos e um ranger de ossos na ida
.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram.
Desci dela pela janela das traseiras da casa

...
Fiz de mim o que não soube
e o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
quando quis tirar a máscara
Estava pregada à cara,
Quando a tirei e me vi ao espelho,
já tinha envelhecido.
estava bêbado e não sabia tirar o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário.
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo.
E vou escrever essa história para provar que sou sublime.
...
(e continua...)

Álvaro de Campos - 1928


Não é exatamente o meu poema preferido, mas tenho uma lembrança boa com Tabacaria, conheci na minha época de cursinho pré vestibular e foi o que eu consegui estabelecer uma relação com o esmalte.
Quer ver mais poesia? E unhas bonitas? Vá até o blog da Fernanda Reali e veja o que as amigas prepararam. Clica aqui




Tenham um lindo fim de semana!!

Beijos!!

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